{"id":5585,"date":"2012-11-27T22:02:35","date_gmt":"2012-11-28T01:02:35","guid":{"rendered":"http:\/\/www.putzilla.net.br\/ptz\/?p=5585"},"modified":"2015-06-05T15:04:17","modified_gmt":"2015-06-05T18:04:17","slug":"rpg-no-brasil-pt-1","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.putzilla.net.br\/rpg-no-brasil-pt-1\/","title":{"rendered":"RPG no Brasil Pt.1"},"content":{"rendered":"
Durante os coment\u00e1rios com o Daniel Holanda do site Cavaleiros das Noites Insones (http:\/\/www.cavaleirosdasnoitesinsones.com.br<\/a>) sobre a \u201cEra de Ouro\u201d do RPG, na postagem do RPG Nacional, comecei a olhar para tr\u00e1s e ver o quanto de RPGs que eu j\u00e1 tinha jogado ou pelo menos lido a respeito na extinta Drag\u00e3o Brasil, que sempre estiveram de alguma forma presente na minha vida; mesmo que n\u00e3o tivesse a oportunidade de jogar todos eles, tive a oportunidade de ler sobre ou ver a venda nas lojas daqui da cidade (ou em sebos ainda hoje). Ent\u00e3o, resolvi relembrar os mais velhos e mostrar para os mais novos como o mercado brasileiro do RPG sempre esteve bem cuidado.<\/p>\n Apesar da preocupa\u00e7\u00e3o dos brasileiros em fazer seus pr\u00f3prios produtos, criar isso na era de ouro do RPG – em que Vampiro a M\u00e1scara estava sendo lan\u00e7ado aqui e AD&D estava no seu auge – acabou tirando seu \u201cbrilho\u201d; mas eles existiram, e ainda hoje \u00e9 poss\u00edvel encontrar muitos deles perdidos em sebos por a\u00ed. Algumas, inclusive s\u00e3o verdadeiras rel\u00edquias para seus propriet\u00e1rios.<\/a><\/p>\n O come\u00e7o do RPG no Brasil n\u00e3o foi algo assim t\u00e3o simples como estamos acostumados hoje. Apesar de muitos sistemas nunca terem sido traduzidos para c\u00e1, conseguir eles importados ou mesmo um pdf em muitas lojas virtuais existentes, como fazemos muito hoje, \u00e9 bem mais simples do que nos anos 80, sem o advento da internet. E gra\u00e7as a essa dificuldade que surgiu a chamada \u201cgera\u00e7\u00e3o xerox\u201d: como ter um livro nessa \u00e9poca era praticamente imposs\u00edvel, importava-se um livro com um amigo e desse surgiam v\u00e1rias copias. Vejo algo semelhante hoje com livros j\u00e1 esgotados e imposs\u00edveis de se encontrar, ou mesmo com tradu\u00e7\u00f5es feitas por f\u00e3s para serem utilizados na mesa, simplesmente para manter na cole\u00e7\u00e3o do Mestre. Isso perdurou durante muitos anos at\u00e9 o lan\u00e7amento de um RPG nacional, o \u00fanico at\u00e9 ent\u00e3o brasileiro de fato: Tagmar, um RPG com tem\u00e1tica medieval. Desse momento em diante, o RPG no Brasil teria dado seu primeiro passo para as tradu\u00e7\u00f5es e cria\u00e7\u00f5es pr\u00f3prias.<\/p>\n Tagmar (1991): Al\u00e9m de ser o primeiro RPG a ser criado aqui, tamb\u00e9m foi o primeiro na \u00e9poca a n\u00e3o depender de v\u00e1rios livros para jog\u00e1-lo, como era muito comum naquele tempo – vide o Dungeons e Dragons, que segue o modelo at\u00e9 hoje. Sua tem\u00e1tica era totalmente voltada para o estilo dos escritos de Tolkien, o que lhe gerou alguns problemas, sendo acusado de c\u00f3pia de D&D, vejam voc\u00eas! Mas, por seu pre\u00e7o acess\u00edvel e por ser um produto nacional, o que tornava muito mais f\u00e1cil de t\u00ea-lo em m\u00e3os naqueles dias, acabou ganhando reconhecimento e muitos jogadores. Muitos ainda jogam\/conhecem\/comentam dele nos dias atuais, afinal, com a fal\u00eancia da empresa respons\u00e1vel, o sistema n\u00e3o teve continuidade. Em 2004, v\u00e1rios jogadores se reuniram e tentaram trazer, com autoriza\u00e7\u00e3o dos pr\u00f3prios autores, o projeto Tagmar 2, tentando dar uma nova roupagem para o sistema. Ali\u00e1s, compartilho aqui a frase de Vinicius Dinofre Dada, que postou nos coment\u00e1rios anteriores sobre o projeto, e \u00e9 algo que eu comento muito e foi o motivo de ter feito essas mat\u00e9rias sobre RPGs no Brasil:<\/p>\n \u201cTor\u00e7o sempre para que o mercado possa se consolidar, eu mesmo participei do projeto TAGMAR2 como ilustrador, para dar uma for\u00e7a a galera, e com certeza n\u00e3o me arrependo, vejo os trabalhos que fiz com muita alegria, e tenho certeza de que os autores de agora est\u00e3o tamb\u00e9m super felizes com seus lan\u00e7amentos!\u201d<\/p>\n http:\/\/www.tagmar2.com.br\/<\/a> O Desafio dos Bandeirantes (1992): Se existe um sistema que eu torcia o nariz quando via na extinta Drag\u00e3o Brasil e hoje tenho uma baita vontade de testar \u00e9 esse jogo. Produzido pela GSA, a mesma de Tagmar, era totalmente inspirado no per\u00edodo do Brasil Col\u00f4nia. Esse sistema usava e abusava das lendas, colocando os jogadores, sejam eles Rastreadores, Jesu\u00edtas ou Paj\u00e9s, contra as muitas criaturas nativas brasileiras. Sinceridade: amo a parte de antagonistas desse livro, com seus sacis perer\u00eas, mulas-sem-cabe\u00e7a, e outros que tanto ouvimos por a\u00ed. O sistema produziu 3 suplementos.<\/p>\n <\/a><\/p>\n Demos Corporation (1995): Achei pouqu\u00edssimo sobre esse sistema. Nunca tive oportunidade de p\u00f4r minhas m\u00e3os nele ou mesmo ter ouvido falar; mesmo hoje em dia, na era na informa\u00e7\u00e3o, parece ter ca\u00eddo no esquecimento e poucos o citam. O pouco que sei \u00e9 que o sistema, produzido em uma revista, possu\u00eda regras muito complexas e tinha como objetivo jogadores se infiltrarem na corpora\u00e7\u00e3o Demos. Jogo totalmente inspirado em espionagem.<\/p>\n <\/a><\/p>\n Monstros RPG (1995): Produzido por Artur Vecchi, esse jogo tinha como objetivo jogar com monstros e fazer as maiores insanidades que sua mente de criatura descerebrada puder criar, afinal, aqui o que conta \u00e9 a s\u00e1tira e o humor.. A ideia inclusive \u00e9 a mesma utilizada atualmente pelo RPG Malditos Goblins, produzido pela Coisinha Verde. H\u00e1 algum tempo, o autor encontrou um scan de sua obra e liberou em seu site pessoal.<\/p>\n http:\/\/hyperespaco.wordpress.com\/2010\/1 … -monstros\/<\/a><\/p>\n <\/a><\/p>\n Millenia (1995): Mais uma da editora GSA, mas dessa vez tratando do conceito de fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica. Millenia se passa no futuro, quando a ra\u00e7a humana, ap\u00f3s passar por anos de escravid\u00e3o e guerras, tenta agora colocar as coisas nos eixos na gal\u00e1xia. Seu sistema \u00e9 bem o padr\u00e3o da \u00e9poca, com classes de personagens e sistemas de tabelas; os conceitos de sociedade e estrutura\u00e7\u00e3o eram bem aceit\u00e1veis e realistas. Infelizmente, o sistema n\u00e3o agradava muito no estilo abordado, a fic\u00e7\u00e3o cientifica, e, para o desespero da GSA, nesse ano foi lan\u00e7ado Vampiro a M\u00e1scara, o que ofuscou totalmente o sistema.<\/p>\n <\/a><\/p>\n Arkanun RPG(1995): O RPG respons\u00e1vel pela avalanche de suplementos e tem\u00e1ticas criadas para o seu futuro sistema (Daemon), Arkanum nasceu com um prop\u00f3sito b\u00e1sico que perdurou durante muito tempo: a guerra entre criaturas sobrenaturais. Criado por Marcelo Del Debbio, Arkanum se passava na Europa Medieval, com as muitas facetas das guerras medievais por tr\u00e1s dos panos, como os Templ\u00e1rios, Bruxos e Magos vivendo nas sociedades secretas, e em especial os pactos com dem\u00f4nios, ou anjos. O site ainda se mantem em p\u00e9 e recebendo constantes materiais de f\u00e3s; muitos jogadores clamam por um retorno do sistema, n\u00e3o especificamente Arkanun (ou mesmo Trevas), mas com mesma tem\u00e1tica e sistema repaginado.<\/p>\n <\/a><\/p>\n Era do Caos (1997): Esse sistema, apesar de eu nunca ter posto o olhos nele pessoalmente, recordo por uma tirinha na Drag\u00e3o Brasil (\u201cQual RPG \u00e9 esse?\u201d \u201cEra do Caos\u201d \u201cE agora \u00e9 sua?\u201d). Era do Caos trata sobre um futuro pr\u00f3ximo, muito pr\u00f3ximo mesmo (ali\u00e1s, acho que j\u00e1 estamos nele), em que a criminalidade e viol\u00eancia aumentaram absurdamente (que coisa, n\u00e3o?) nas grandes metr\u00f3poles e, como se n\u00e3o fosse suficiente, criaturas sobrenaturais existem nos bastidores para se aproveitarem ainda mais dos seres humanos. O sistema abusa de um terror\/horror mais pesado, deixando para tr\u00e1s mesas de Arkanum e Vampiro a M\u00e1scara, segundo muitos jogadores que tiveram a oportunidade de jogar; eu, infelizmente, n\u00e3o tive.<\/p>\n http:\/\/www.akrito.com.br\/caos\/index.htm<\/a> Defensores de T\u00f3quio (1998): Sim, eu sei que j\u00e1 falei dele, mas esse aqui n\u00e3o \u00e9 o mesmo que citei no outro post, o famoso 3D&T. Estou falando das cl\u00e1ssicas duas revistas tratando sobre her\u00f3is japoneses, os verdadeiros Defensores de T\u00f3quio. Satirizando exageradamente com os famosos personagens cl\u00e1ssicos da TV Manchete, e mais tarde de outras emissoras, D&T tinha como objetivo isso: lutar contra criaturas feitas de massinha ou destruir monstros com ataques mirabolantes que levavam meia hora para serem proferidos. Ambos traziam \u201cclasses\u201d para darem ideias aos personagens, e varias vantagens e desvantagens que mais a frente iam constituir o sistema atual. Suas imagens internas eram com as cenas mais c\u00f4micas dos her\u00f3is. Para dar uma ideia do que esperar de uma aventura inspirada nesse sistema, tive oportunidade de jogar algumas vezes e sinto certa nostalgia de lembrar das aventuras bizarras que criava; que d\u00e1 at\u00e9 certa vontade de tirar a revista do arm\u00e1rio \u00e0s vezes.<\/p>\n
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