{"id":4617,"date":"2012-07-31T14:45:43","date_gmt":"2012-07-31T17:45:43","guid":{"rendered":"http:\/\/www.putzilla.net.br\/ptz\/?p=4617"},"modified":"2015-04-27T21:20:59","modified_gmt":"2015-04-28T00:20:59","slug":"rpg-ate-onde-se-e-bom","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.putzilla.net.br\/rpg-ate-onde-se-e-bom\/","title":{"rendered":"[RPG] At\u00e9 onde se \u00e9 bom?"},"content":{"rendered":"
Um antigo regulamento pra determinados sistemas de RPG (role-playing game) eram os chamados \u201calinhamentos\u201d ou \u201ctend\u00eancias\u201d, a linha geral de\u00a0\u00e9tica\u00a0e\u00a0moral\u00a0que guia as atitudes de um\u00a0personagem no decorrer do jogo. Antigo porque os analistas de diversos guias de interpreta\u00e7\u00e3o conseguiram compreender a t\u00eanue liga\u00e7\u00e3o entre o bem e o mal que torna um desses elementos, anexo do outro. De fato, n\u00e3o existe um indiv\u00edduo que siga uma tend\u00eancia de forma cega, mantendo os princ\u00edpios de sua conduta intactos.<\/p>\n
Na 3.5 edi\u00e7\u00e3o do RPG de Gary Gygax e Dave Arneson – Dungeons & Dragons, o sistema de alinhamentos chegou na estrutura mais b\u00e1sica, por\u00e9m completa, que temos hoje como refer\u00eancia para distribui\u00e7\u00e3o de tend\u00eancias. Elas se dividem em duas categorias: honra e moral.<\/a><\/p>\n A honra de um indiv\u00edduo, por exemplo, obriga que suas atitudes sejam medidas pela balan\u00e7a daquilo que foi institu\u00eddo como c\u00f3digo de conduta, seja por uma institui\u00e7\u00e3o ou por uma sociedade inteira. Quando essas caracter\u00edsticas s\u00e3o aplicadas na tend\u00eancia de um personagem, ele se torna Leal. O oposto a isso \u00e9 o que chamamos de Ca\u00f3tico, o que n\u00e3o segue regras ou leis institu\u00eddas.<\/p>\n A moral, de forma simplista, \u00e9 a rea\u00e7\u00e3o tomada pela nossa pr\u00f3pria natureza devido \u00e0 estrutura emocional do mundo, conduzindo nossas atitudes ao que conhecemos como bem e mal. Ou seja, o sujeito que mata, domina e explora sem justificativa \u00e9 mau; o que sacrifica sua autopreserva\u00e7\u00e3o para atender o instinto greg\u00e1rio de ajudar o pr\u00f3ximo, \u00e9 bom.<\/p>\n Quando n\u00e3o h\u00e1 interesse, obriga\u00e7\u00e3o e disposi\u00e7\u00e3o de seguir algum alinhamento de car\u00e1ter que o identifique nas escalas acima, o personagem se torna Neutro.<\/p>\n Portanto, as tend\u00eancias se completam da seguinte forma:<\/p>\n <\/p>\n Leal e Bom \u2013 T\u00edpico her\u00f3i que combina a Honra e a Compaix\u00e3o.<\/p>\n<\/li>\n Neutro e Bom \u2013 Aquele que faz o bem, despreocupado com a honra.<\/p>\n<\/li>\n Ca\u00f3tico e Bom \u2013 Um bom cora\u00e7\u00e3o, mas um esp\u00edrito livre de imposi\u00e7\u00f5es de vontade.<\/p>\n<\/li>\n Leal e Neutro \u2013 Juiz, confi\u00e1vel e honrado, que preza pela ordem racional mais do que pelas emo\u00e7\u00f5es.<\/p>\n<\/li>\n Neutro \u2013 Indeciso e despreocupado com qualquer interesse de terceiros.<\/p>\n<\/li>\n Ca\u00f3tico e Neutro \u2013 Aquele que tem liberdade completa e sem restri\u00e7\u00f5es para o que faz.<\/p>\n<\/li>\n Leal e Mau \u2013 \u00c9 o Mal met\u00f3dico e intencional que institucionaliza seus interesses.<\/p>\n<\/li>\n Neutro e Mau \u2013 Um Mal puro, sem varia\u00e7\u00f5es de honra e de caos.<\/p>\n<\/li>\n Ca\u00f3tico e Mau \u2013 Destruidor de tudo que h\u00e1 de belo, impulsivo e irracional.<\/p>\n<\/li>\n<\/ul>\n O conceito de alinhamentos do RPG \u00e9 extremamente bem aplicado em qualquer universo, games, quadrinhos, cinema ou literatura. Entretanto, no mundo real, as tend\u00eancias humanas n\u00e3o s\u00e3o t\u00e3o geometricamente exatas, por exemplo:<\/a><\/p>\n Um personagem ic\u00f4nico como o Super Homem \u00e9 por defini\u00e7\u00e3o Leal e Bom, assim como um Uruk-Hai \u00e9 naturalmente Ca\u00f3tico e Mau. As tend\u00eancias s\u00e3o bem ajustadas pelo contexto ficcional onde eles s\u00e3o inseridos, portanto n\u00e3o se pode analisar filosoficamente a origem do mal e justificar alguma atitude de perversidade dando a entender que \u00e9 apenas uma rea\u00e7\u00e3o \u00e0quilo que foi estabelecido como bondade.<\/p>\n Vamos elucidar da seguinte maneira: Os Estados Unidos, por exemplo, com seus instintos patriotas e motiva\u00e7\u00f5es altru\u00edstas recebem o status de representa\u00e7\u00e3o daquilo que \u00e9 Bom. Por outro lado, o Oriente M\u00e9dio numa escala global, \u00e9 ilustrado como a origem do terror ideol\u00f3gico, portanto Mau. Se fosse ativada uma cosmovis\u00e3o permitindo que todos enxerguem os interesses que habitam por detr\u00e1s das a\u00e7\u00f5es reportadas e associadas a cada uma dessas pot\u00eancias, o conceito de Bondade e Maldade cairia, dando lugar a uma grande subjetividade. Inversamente proporcional \u00e9 a simplicidade que nos permite entender Darth Vader, as for\u00e7as de Mordor e Esqueleto, l\u00edder de Et\u00e9rnia, como agentes do Mal. Contudo, essa metodologia de identifica\u00e7\u00e3o de car\u00e1ter para personagens \u00e9 empolgante quando buscamos aplic\u00e1-la em s\u00e9ries, quadrinhos, filmes e anima\u00e7\u00f5es do nosso gosto. N\u00e3o a torna perfeita, mas \u00e9 bem bacana assistir Death Note e perceber que o personagem central, que as vezes torcemos \u00e0 favor, \u00e9 leal, por\u00e9m extremamente mau.<\/p>\n\n
\n<\/a><\/p>\n