Apesar do mangá ter sido um sucesso, a animação Shingeki no Kyojin chamou a atenção do mundo em uma das temporadas de 2013 e não é para menos, pois os fãs estavam sedentos por uma obra que se levasse a sério, sem garotas bonitinhas, nem ventos marotos que levantam saias ou até mesmo sagas longas que nunca desenrolam, mas que mesmo assim tivessem uma porradaria. O resultado disso é um fanatismo exagerado, o que não diminui a obra, mas eleva as expectativas em cima de algo que não vai conseguir corresponder.
A humanidade vive em cativeiro durante 100 anos, em uma cidade com três muralhas para barrar a entradas dos titãs, criaturas gigantescas que devoram seres humanos. Um “belo dia”, um titã colossal, muito maior que os outros, cria um buraco na muralha mais de fora e o primeiro nível da cidade é invadido, matando a mãe do protagonista no processo e como não poderia ser diferente, nosso herói jura matar todos os titãs e entra para o exército. Mesmo que a força das criaturas seja muito maior que a de um ser humano, o exército daquela cidade conta com equipamentos que atiram fios e puxam os soldados, fazendo com que eles “voem” pela cidade se pendurando em prédios, algo parecido com o que o Homem-Aranha faz e para matar os titãs, um corte em um exato lugar na nuca tem que ser feito.
Nesse cenário de tensão constante, o enredo se desenrola, com os seus altos e baixos, mas que no final, o saldo fica positivo. O começo da a impressão que vai ser só mais um anime de pancadaria, mas logo ele vai distorcendo coisas que são regras em obras feitas para adolescentes no Japão, trazendo questionamentos interessantes, que a equipe de animação faz questão de deixar claro a mensagem que eles querem passar para quem está assistindo, o que pode parecer que eles acham que somos idiotas de não entender algo óbvio, mas por isso não ser constante, não chega a irritar. Talvez para encaixar nos 25 episódios de temporada japonesa, algumas partes arrastam muito mais do que deveriam, com episódios que não acontecem quase nada, perdendo a oportunidade de desenvolver melhor os personagens, já que um dos grandes problemas do enredo é a quantidade de personagens descartáveis que a trama quer que você se importe com a morte deles, porém não os apresenta adequadamente.
Mesmo com esses problemas que não chegam a afetar tanto o conjunto da obra, “Shingeki no Kyojin” é empolgante em vários momentos, dosando a tensão das batalhas e mostrando que o inimigo é realmente perigoso, fazendo você torcer pelo sucesso dos personagens. Com o passar os episódios, a obra ainda aborda outros assuntos como preconceito e quem é o verdadeiro inimigo, com momentos que os personagens tomaram decisões difíceis, em situações complicadas e vão pagar por suas escolhas.
Não existem sutilezas nessa obra. Se ela quer te mostrar algo, vai utilizar violência e gritaria. O sangue de uma pessoa só, quase consegue cobrir um quarteirão inteiro e uma simples mordida de língua jorra sangue como se tivesse cortado a garganta do indivíduo. São exageros que extrapolam muito o “bom senso” de algumas pessoas, embora eu não tenha me importado muito.
Não sei se o custo de animação de Shingeki no Kyojin foi elevado, mas a qualidade técnica está muito acima da média, com lutas de tirar o fôlego de tão bem-feitas. A trilha se encaixa muito bem nos momentos chaves.
“Shingeki no Kyojin” consegue ser muito bom e é uma boa pedida para aqueles que buscam uma porradaria com uma qualidade visual excelente e algumas reflexões no roteiro, mas não espere profundidade em nada relacionado aos personagens e questionamentos.