Um pouco mais de 10 anos atrás, a chamada “febre pokémon” estava em alta. Com seus excelentes jogos para game boy e uma animação de sucesso para TV, a franquia pokémon vivia o seu auge. Aos poucos, essa “febre” começou a baixar, embora pokémon nunca deixou de ser uma franquia extremamente lucrativa, que vende portáteis da “Big N” até hoje. Entre os motivos para que a franquia tenha conservado o seu sucesso apenas nos jogos, se destaca a qualidade da adaptação em anime, que sempre era a mesma coisa, não fez questão de crescer com os espectadores, com um personagem principal com síndrome de “Peter Pan”, que nunca cresce, nunca ganha nenhum campeonato, sempre aprende as mesmas lições em todos os episódios e captura pouquíssimos pokémons, soltando ainda os mais fortes, sendo um treinador totalmente incompetente apenas para que o anime se prolongue mais e mais, até que ninguém mais aguente. Assim, quando a animação, “Pokémon Origins” foi anunciada, prometendo ser mais fiel ao jogo original, a expectativa foi muita e ele realmente conseguiu entregar algo que os fãs esperavam por anos.
Confundir o protagonista dessa animação com Ash é com certeza um tremendo de um insulto, pois Red era tudo que os fãs esperavam que Ash fosse ser, um cara que realmente quer capturar todos os pokémons, mas não para ser um mestre, pois seu objetivo é o mesmo do jogo, que é catalogar todos os monstrinhos para fins científicos. A vontade de ser fiel ao material original não para por ai, existindo muitas diferenças entre esse anime e o principal, começando pelo jeito que os pokémons saem da pokébola, que chega a ser um pouco confuso, pois a pokébola some e o monstrinho aparece no lugar dela, mas quando o monstro tem que voltar para a bola, ela aparece com o treinador.
Algo que chama bastante a atenção é a trilha sonora. O tema de Green, o rival do protagonista Red, tocado em violino, é de arrepiar de tão bem encaixado que foi. As músicas do jogo, que não era nada de mais no original, ganharam arranjos excelentes que combinados com a animação bem feita, fizeram a diferença e mostraram que foi um produto feito para agradar mesmo, no lugar de simplesmente cumpriu uma cota na programação de TV como o anime original faz.
Talvez os novatos possam não achar sentido em treinadores tão novos como Red e Green conseguirem conquistar tanto em pouco tempo, um problema que vem do próprio enredo do jogo, mas os veteranos ficaram maravilhados em ver que finalmente o jogo foi adaptado com fidelidade ao material original, embora existam algumas diferenças, principalmente na luta final.
Esse anime é tão bom que o único problema sério que eu posso encontrar nele é não ter adaptado o jogo inteiro, sendo que muitas partes do game, como as lutas nos ginásios, são contadas em resumos antes dos episódios (apenas duas batalhas de ginásio são mostradas no anime). As partes mais interessantes do jogo, que renderiam melhores histórias, estão lá, mas foi algo tão bom que eu com certeza gostaria de ver mais.
“Pokémon Origins” é o anime da franquia que eu sempre quis assistir e quem é fã ou alguma vez foi tocado pela “febre pokémon”, deveria assistir esse especial.