Me parece que os quadrinhos da coleção Graphic MSP sempre estão polarizando os leitores: uns amam, outros detestam (ou algo próximo disso). Como exemplo posso citar as duas obras dos irmãos Cafaggi. Não vi uma pessoa até hoje que não tenha gostado de Laços, o mesmo já não pode ser dito de Lições – que ainda não li, por sinal.
Falando de Penadinho: Vida, especificamente, já vi os dois lados da moeda. E em que lado eu me encaixo? Nos que adoraram, com certeza!
Eu já conhecia o personagem há bastante tempo, sempre gostei do tema de horror e de criaturas sombrias – para a tristeza de mamãe. Não devo ter lido nem metade das histórias do Penadinho, mas me lembrava dele de alguns gibis perdidos da Turma da Mônica que lia quando era criança.
Devo dizer que permitir essa repaginada nas personagens do Maurício de Souza foi a melhor ideia que o grupo dele já teve, porque o estilo antigo não tem apelo hoje em dia, vamos combinar que só funciona conosco pela nostalgia!
Mas vamos logo ao que interessa!
Em Penadinho: Vida vamos ver o personagem que dá nome à obra passando por um momento delicado no pós-vida. Ele, que sempre foi apaixonado pela Alminha, nunca teve coragem para levá-la para uma saída a dois, apesar das promessas. Anos se passaram e todos achavam que as coisas iam continuar do mesmo jeito até que a Dona Cegonha chega e pede para ele dar o seguinte recado para Alminha: ela vai reencarnar.
E acho que daí começa o jogo da narrativa com o subtítulo: estamos falando de fantasmas, que já habitaram um corpo e agora estão “mortos”, mas continuam vivendo em seu post morten e podem, a qualquer momento, voltar a “viver” em um corpo. Vê que louco isso! No meu ponto de vista eles nunca “morreram”, apenas estão explorando a diversidade de estados de vida.
Eis que Penadinho, vendo sua chance de viver um romance se esgotando com a tal notícia, toma coragem de convidar Alminha para ir com ele para o cinema. Mas é claro que as coisas não iam ser tão fáceis. Eles acabam se desentendendo e Alminha é sequestrada por uma dupla sinistra, “escravizada” pelo Senhor Crowley, um belo de um charlatão. O decorrer da história se dá com Penadinho e seus amigos se aventurando noite adentro para procurar Alminha e finalmente dar a notícia a ela.
O estilo desse quadrinho é muito interessante, principalmente as cores. Adorei o que a dupla Crumbim e Eiko fizeram com Penadinho e Alminha, criando uma iluminação meio translúcida para dar a ideia mesmo do fantasmagórico. Apesar de se passar num cenário bem sombrio, ela não é realmente assustadora. É uma narrativa leve sobre morte e amor, tratada com muita delicadeza.
Para finalizar, uma coisa que me chamou bastante a atenção foi a fofura do character design! Gente, são os monstros mais fofinhos dos últimos tempos. Se você está pretendendo ler esperando algo mais “terrível” e assustador, talvez você deva repensar suas expectativas. E, ao contrário do que eu vi de outras críticas, eu não achei que a história foi condensada e que tinha mais para ser contado. Eu acho que foi na medida certa e que a turma do cemitério pode voltar em outras histórias no futuro.