Outubro… mês da Octoberfest… que lembra peitos… mas de peitos falamos na primeira parte. Agora o assunto é outro, mamilosos também, mas de outra ordem: Bullying.
Outubro é também um mês de manifestações contra o bullying.
Até aí tudo bem, os mamilos da questão estão em definir o que é bullying e o que não é, e também dos reais malefícios disso.
Confesso que pretendia fazer um texto melhor do que este. Mas realmente fiquei reflexiva demais a respeito do assunto, tanto que esse artigo deveria ter sido lançado na semana passada e está saindo somente agora, no fim do mês (o fato de eu refletir não quer dizer esse seja um grande artigo).
Alguns amigos defendem que boa parte das suas práticas, que por alguns são consideradas bullying, na verdade são brincadeiras, e que as pessoas que estão sendo zuadas é que são sensíveis ou fracas demais, ou não sabem brincar, ou são chatas. Alguns encaram bullying apenas como agressão física. E há ainda profissionais (exatamente, gente competente, formada, que todo mundo respeita, ou deveria) que dizem que o bullying é benéfico, pois ajuda a moldar o caráter, prepara o individuo para o mundo, e o ensina a encarar dificuldades e superá-las. Estes profissionais dizem também que todos nós já sofremos bullying na escola ou sofreremos algum dia.
Está aí uma coisa que eu concordo: todos já sofremos bullying. Desde o mais rejeitado, ao mais popular, todos já foram bulinados, ops, digo sofreram com isso. Não sei dizer exatamente qual o limite entre bullying e a brincadeira, nem posso dizer se é frescura ou não (acho que depende de cada caso), mas uma certeza eu tenho: já sofri e já pratiquei (yes sir, eu já machuquei alguém a ponto de a pessoa chorar).
Acho que independente de qual seja sua concepção sobre bullying, este é um assunto que deve ser pensado. Ou melhor, não o assunto em si, mas nossas ações. Zombar, desrespeitar e agredir, mesmo que com palavras, podem ser formas de opressão.
Você que pensa em bullying apenas como violência física, já passou por alguma dor emocional? Devo dizer, que são deveras excruciantes, e dependendo do nível de tormento podem ser psicossomáticas (ou seja, a dor emocional pode se traduzir em dor física). Você que acha frescura, já levou em consideração as diferentes constituições psicológicas das pessoas? Não se pode garantir que todas as pessoas com determinada idade ou determinado lugar social, tenham os mesmos sentimentos, ou a mesma estrutura psicológica. Talvez o que para você seja perfeitamente compreensível, aceitável, engraçado, e nada a ver, para outra pessoa é algo humilhante, e marcante.
Depois de pensar um pouco, para mim tudo virou uma questão de respeito e limites. Assim como a força física, a mente também tem um limite.
Resolvi escrever este artigo, pois estava lendo sobre um caso de bullying no Canadá que levou a morte de uma adolescente esse mês. E o caso realmente me surpreendeu (está aí embaixo um vídeo onde ela mesma conta a própria história antes de morrer, claro). Assistam e depois continuem lendo.
Li um comentário dizendo que ela não passava de uma vadia, só estava colhendo o fruto do q fez. Dependendo de como a história é contada as perguntas que podem surgir são: Vadia? Não, ela era uma adolescente (pense, você é ou já foi um, já fez muita besteira, e todos sabemos que nessa idade dificilmente tomamos boas decisões). Emo? Sinceramente, se eu fosse agredida, perseguida na vida real e virtual, meus pais fossem ausentes e separados, e todos ficassem rindo e cochichando quando me vissem, seria um bom motivo para se sentir sozinha e sem valor. Vadia? Se a única pessoa que te dá atenção e diz gostar de você quer te dar um carinho, por que não?
Ainda bem que essa menina fez esse vídeo (pedido de socorro), se ela mesmo não contasse o que estava acontecendo, rumores bem maiores poderiam surgir, rumores que poderiam gerar um ódio e uma apatia maior do que os que ela sofreu.
O mais triste é saber que são precisos desastres como esses, e exposições drásticas, para que as pessoas comecem a tomar atitudes. Agora no Canadá, começou-se a fazer debates e mobilizações em torno do tema. No Brasil já existem associações que tratam de bullying nas escolas, e ensinam pais e professores a lidar com o assunto. Mas o fato é que os pais ficam sabendo tarde demais, e os professores mal sabem o nome dos alunos, encaram tudo como coisa de criança, ou preferem não se envolver. Eu fico pensando que tragédia pode ocorrer para que o tema seja levado mais a sério, não só dentro das escolas, mas por todos nós. Infelizmente eu sei que não é um fato que vai mudar uma situação que se perpetua por tanto tempo, afinal a memória é curta, e fatos assim não são imortais na mente humana. Só uma mudança real de comportamento social pode garantir que pessoas, e principalmente crianças, não sofram mais sendo tão duramente ignoradas, e maltratadas.
Hey família, o que você está fazendo? Não estou falando só com as famílias que não viram seus filhos serem torturados, mas também com as famílias dos torturadores. Se seu filho tortura alguém, alguma coisa está errada nas bases que você deu a ele, e se seu filho sofre tortura e não te conta, está faltando confiança aí. Ter alguém com quem contar é importante, alguém para não julgar também. Ter uma base sólida, construída sobre o respeito, e a tolerância (digo tolerância por que ninguém é obrigado a aceitar nada, mas todos são obrigados a respeitar outros seres humanos e no mínimo serem educados), é algo essencial para uma criança. And, se seu filhos está sendo torturado, ele tem mais chance de se tornar um torturador…
Como? Sei lá, comece por você. Eu sou uma pecadora arrependida do bullying cometido no passado, então eu me tornei mais sensível aos sentimentos de outras pessoas, e sei melhor quando é e não é a hora de brincar (pelo menos eu tento saber). Na verdade eu pratiquei porque se sentir na pele de um agressor, depois de sofrer tanta agressão, faz você pensar que pode ser melhor, que será divertido zuar, afinal é só um amigo, e ele não liga. Se você já passou por isso com gente que não gostava de você por que um amigo se ofenderia? ERROR! Eu me senti pior, e além de ter pessoas ao meu redor dizendo que eu não valia nada, eu passei a sentir que isso realmente era verdade (mimimimi???).
E aí, qual é seu pecado de bullying passado? Qual seu sofrimento de bullying passado?
Enfim, só espero que você que adora correr atrás do esquisito da turma, ficar zuando o defeito dos outros, ou pressionar as pessoas, nunca encontre com uma Carrie por aí (por sinal, the remake is coming).
O artigo é minha opinião pessoal, gostaria de saber a de vocês, mesmo por que várias opiniões podem ajudar todos a refletirem melhor sobre o assunto.
Esse artigo é uma colaboração de LivCat.