A Onda (Die Welle)

O que acontece quando uma ideia simples cresce, saindo totalmente de controle?
A Onda, filme alemão dirigido por Dennis Gansel em 2008, traz a tona um fato real e confesso que fazia tempo que não via algo simples mas tão bem conduzido. Estamos tão mal acostumados com os sucessos de Hollywood que as vezes perdemos filmes com teor menos ficcionais. Esse tem aquele sabor de trabalho de escola, mas que você assiste e fica maravilhado.
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Inspirado no livro homônimo de 1981 do autor americano Todd Strasser e no experimento social da Terceira Onda (baseado em fatos reais), a história começa com Jürgen Vogel interpretando Reiner Wenger, um professor bem diferente dos demais na escola. Ele amava rock, tinha uma vida largada e uma semana para explicar o que era Autarquia para seus alunos rebeldes em uma classe montada com alunos de perfis totalmente diferentes uns dos outros.
Após ser impedido de trocar sua aula por anarquia, ele decide mostrar e por em prática uma série de exemplos sobre o regime autocrático, estabelecendo assim um regime dentro da classe que lembra muito o nazismo e levando os alunos a englobarem essa ideia. Em uma semana, ele conseguiu:

-Focar um estilo de fala (Levantar-se para falar e sentar-se ao terminar)
-Vestimenta (Camisas brancas e jeans)
-Um nome para o grupo (A onda)
-Um símbolo (Uma onda)
-Colocou estatutos de como agir em grupo (Sugerindo proteção entre os membros)
-Espalhou a ideia por todo o colégio, gerando comentário até mesmo entre os professores (Chegam a pichar e colocar adesivos na cidade inteira).
-Um cumprimento (Fazer uma onda com a mão direita parando próximo do coração esquerdo. Eu acho que qualquer semelhança com Nazismo não é mera coincidência).

É claro que nem todos estavam satisfeitos e estranharam no início, chegando a sair da aula. Mas enquanto 1 pessoa saía, novos alunos de outras turmas se juntavam a Onda.

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Para os alunos, o grande atrativo da Onda acabou sendo a oferta do que os estudantes, mesmo sem se dar conta demandavam, ou seja, respeito e tolerância. A ideia simples de que juntos poderiam vencer qualquer coisa. Um bom exemplo era para evitar o bullying, como no caso de Tim (Frederick Lau). Tim é um dos que mais se envolve com a ideia, pois pela primeira vez ele se sente aceito em um grupo, a ponto de queimar todas as suas roupas de marca, ficando apenas com as camisas brancas.

E claro que Tim tem aquele potencial de “vai dar merda” estampado mas, junto dele, alunos revoltados com o que a onda se tornara, começam uma operação para derrubar o grupo que ja toma o controle de todo o colégio. Quando a coisa sai realmente do controle e o professor finalmente encara isso, é tarde demais.
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Uma lição

A lição explícita da Onda é que a escola inevitavelmente tem grande influência no sistema de pensamento do indivíduo. Um regime autocrático não está tão distante e tão inerte quanto parece, ou quanto deveria. Em uma época carente de ideologia, quando ser politizado é quase um absurdo, um bom orador pode muito bem maquiar certos termos fascistas e exaltar o conteúdo integralista de um regime autocrático para dar vazão ao potencial de um grupo unido diante de um objetivo.
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O que fica implícito no filme é que talvez seu conteúdo não esteja restrito a uma sala de aula alemã, distante da vida real. Em uma sociedade baseada no consumo, onde as pessoas são induzidas a comprarem roupas semelhantes, ouvirem músicas parecidas, consumirem os mesmos alimentos, etc., não é muito difícil supor que as pessoas abdiquem de sua individualidade, mesmo sem perceber e prefiram um padrão a ser seguido a refletir sobre suas próprias vontades e necessidades. Acostumadas com a falta de senso crítico, ficam mais susceptíveis à ideologias políticas que aparentemente as fortalecem, mas que na realidade apenas as manipulam.

Um paralelo com o Brasil
Se você leu tudo isso, pode pensar, o que isso tem a ver com o Brasil? Mas agora em que o movimento do Gigante está adormecido, pode perceber que uma ideia sem controle, pode virar um caos. Eu identifiquei alguns pontos dentro do filme muito semelhante a tudo que ocorreu aqui. É um apelo para que você mantenha sempre a sua individualidade, para não fazer parte apenas da massa. “Pensar fora da caixa” é necessário sempre. Analisar os fatos, acima de tudo. Sobre o filme, fica a ótima pedida para assistir e refletir.

Trailer