Com o final de O Hobbit: A Desolação de Smaug o espectador ficou ansioso pela sua continuação, tínhamos a expectativa de assistir Smaug destruindo a Cidade do Lago e a curiosidade de como Bard (Luke Evans) resolveria isso, afinal o dragão interpretado Benedict Cumberbatch foi a grande ameça até ali e o começo do longa parte exatamente de onde terminou o segundo filme, mas infelizmente quando eu digo começo, digo de forma bem literal pois toda essa trama se resolve em cinco minutos, se muito, dando lugar para uma guerra entre os povos da Terra Média.
Cenas de ação pouco construídas e corridas, causam uma quebra de expectativa quanto a tudo aquilo que foi construído no segundo longa da trilogia, o grande e imponente dragão se tornou apenas um ponto de virada da narrativa, deixando claro que a ideia de estender a obra de J. R. Tolkien em três filme foi equivocada, somente após esse “epilogo” é que vemos a real história. O agora rei, Thorin (Richard Armitage) acaba sofrendo da doença do ouro, mesmo mal que afligiu seu avô Thrór, e acaba por entrar em guerra contra os humanos liderados por Bard e com os elfos de Thranduil (Lee Pace), isso enquanto os Orcs avançam capitaneados por Azog, o Profano.
A virada da história é onde também temos uma grata surpresa, a interpretação de Armitage, ganha destaque ao mostrar um Thorin descontrolado, bem diferente dos longas anteriores. O ator consegue em poucos segundos variar de forma abrupta a personalidade do anão o que leva a boas cenas entre o Escudo de Carvalho e Bilbo (Martin Freeman). O roteiro inconstante e arrastado ajudou personagens a ganharem espaço para se mostrarem como os casos de Tauriel (Evangeline Lilly), Thranduil e Bard e do desnecessário Alfrid (Ryan Gage).
A Batalha dos Cinco Exércitos sofre por não ter um bom plano de fundo além da guerra, Peter Jackon até acerta ao mostrar algo a mais com Gandalf (Ian Mckellen) sendo salvo por Saruman (Christopher Lee), Elrond (Hugo Weaving) e Galadriel (Cate Blanchett) das mãos de Sauron e os Nazgûl, mas peca ao partir para o lado sentimental com Kili (Aidan Tunner) e Tauriel, sendo raso e clichê em suas decisões.
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos continua com a excelente qualidade técnica de seus predecessores, com seus planos abertos, efeitos especiais de primeira, excelente trilha sonora de Howard Shore e cenas de ação muito bem executadas, principalmente as de Legolas (Orlando Bloom) que está mais afiado que nunca. Chegando até a comover no final com a clara ligação para o começo de A Sociedade do Anel, mesmo assim não consegue ser o que todos esperavam e que acaba sofrendo com o falta de material para o desenvolvimento da história.
A ideia de se fazer uma trilogia de O Hobbit foi equivocada, se não financeiramente, como obra para a austeridade. Foi um trabalho bem feito, que sem duvidas pode divertir, mas que mesmo estando muito longe de ser portentoso como O Senhor dos Anéis, cumpriu seu papel de nos trazer todo esse mundo maravilhoso e que se despede de nós com um The Last Goodbye.
NOTA: 7,5