Um fenômeno cultural na terra do sol nascente, mas bastante ignorado em todo o resto do mundo, Monster Hunter é um mistério para mim, pois tem todas as características de um sucesso, por ser viciante e divertido, mas não é raro ver diversos títulos da série não serem anunciados fora do Japão.
Alguns podem dizer que Monster Hunter é japonês demais e, realmente, a sua arte pode parecer estranha para as pessoas acostumadas com ambientes medievais convencionais, já que algumas armaduras parecem destaques de escolas de samba e as armas são exageradamente grandes, sendo que a maioria delas seria impossível de uma pessoa comum simplesmente conseguir tirá-las do chão.
Mas não é só a arte que afasta o grande público. O combate metódico, que lembra o da série souls, exigindo que o jogador perceba padrões de movimento dos inimigos, entenda o peso de seu personagem, use bem a sua arma e busque a melhor oportunidade de ataque, sendo punido sem piedade pela afobação, são fatores que fazem os novatos se afastarem da série, mas também são os grandes trunfos. O foco é tão grande na mecânica e na jogabilidade, que a maioria dos jogos da série não tem história, sendo jogados como se fossem um daqueles MMOs antigos, que você nem lê a descrição da quest e vai fazendo só o objetivo dela.
Por incrível que pareça, a história não faz falta. Claro que existe algum sentido para aquele mundo existir e para o que você está fazendo, mas o jogo não perde muito tempo com isso, uma prova que nem todos os jogos precisam inserir uma história forçada quando não existe nenhuma necessidade de contá-la.
Apesar da série tem começado no Playstation 2, o grande sucesso veio no primeiro portátil da Sony. Monster Hunter é um jogo da Capcom e segue um modelo da empresa, com muitas sequências, que na verdade são expansões dos jogos anteriores, colocando mais armaduras e cenários no mesmo jogo, mas vendendo como se fosse algo novo, assim como já fazem com seus jogos de luta. Mas tudo bem, como é um jogo que consome a vida de quem joga, sendo que jogar 200 horas ainda é algo de iniciante, os fãs pagam sem reclamar, porque acaba valendo a pena, afinal, mesmo não inovando muito nas sequências, o conteúdo adicional é enorme, ainda mais se tratando de um jogo que utiliza mecânicas de “crafting”, sendo, inclusive, um dos primeiros a inaugurar essa moda tão presente nos jogos de hoje; alguns atribuem o minecraft como sendo o pioneiro, mas, muitos anos antes, Monster Hunter original já permitia que os jogadores coletassem matérias primas de diversos lugares e fabricassem outros itens. É possível tanto pegar uma erva no chão para fazer uma poção, quanto arrancar partes dos monstros que você matou para fabricar armaduras mais fortes, pois os itens que são vendidos são bem básicos, forçando o jogador a ir atrás dos materiais mais raros que, consequentemente, estão nos monstros mais fortes e nas partes deles. Não existe sistema de experiência em nenhum jogo da série principal, apenas os equipamentos deixam você mais forte. Por esse motivo, encontrar materiais bons vai ser vital para o seu progresso.
Os monstros, além de serem bem inteligentes e reagirem bem aos movimentos dos jogadores, têm diversas partes quebráveis, como os chifres, peitoral e os rabos, que por sua vez entregam itens mais raros.
Se você pensa em começar a jogar, advirto que a pior parte é aprender. Com um tutorial terrível e que toma tempo demais do jogador, todos os títulos da série sofrem desse mal. Além de longo, consegue ser incompleto. Não dá para entender como é que um tutorial que demora umas 4 horas para ser feito possa ser incompleto, sendo que um de meia hora mais bem dirigido ensinaria muito mais em menor tempo. O que eu recomendo é ver tutoriais no youtube e pular os do jogo. Mas, com um pouco de paciência, logo o jogo engrena de vez, e muitos vão se sentir jogando algo diferente, difícil, mas não injusto, que recompensa aqueles que sabem utilizar a mecânica de jogo da melhor maneira possível. Então, se é isso que você procura, não espere mais, venha se aventurar no mundo de monstros gigantes!