Inspirei-me em escrever essa matéria depois que vi o debate público que o Moacyr Alves realizou na campus party. Na ocasião, alguns jornalistas se reuniram para debater, ou melhor, fazer uma verdadeira fritada no Moacyr. Vendo tudo aquilo acontecer, minha cabeça se encheu de argumentos que eu não poderia deixar em branco.
Se você não acompanha essa história desde do começo, o Moacyr Alves foi o encabeçador de um projeto muito popular alguns anos atrás, o Jogo Justo, que visava diminuir os impostos de importação de jogos eletrônicos para movimentar o mercado nacional desse segmento. Tudo ia muito bem até começarem a surgir denúncias que tudo não passava de um esquema para desencalhar estoque e que eles pretendiam taxar jogos digitais. Para piorar a Marta Suplicy entrou no meio e cancelou qualquer projeto de incentivo a cultura por não achar que videogame é arte, sendo que esse era justamente o argumento dos projetos que o Jogo Justo estava buscando. Resultado: Ninguém sabe exatamente o que o Jogo Justo fez e por isso que eu quero dar a minha opinião sobre o assunto.
Quais as intenções do Moacyr Alves com tudo isso?
A resposta para essa pergunta apenas ele pode responder, mas existe uma teoria dele fazer isso para se promover e conseguir entrar em alguma carreira política. Se essa for a intensão, ele é um dos caras mais retardados que já vi na vida, pois todo mundo que estava dando a cara a tapa, já vazou do projeto. O Moacyr, que deveria ser o herói da história, caso essa suspeita fosse verdadeira, é o maior prejudicado. Ele no lugar de abandonar tudo, resolveu jogar limpo e participar de debates públicos, insistindo em algo que já não deu certo um monte de vezes. Se ele tivesse intenções puramente egoístas, o melhor que ele tinha que fazer era desistir.
Será que o Moacyr só trabalha para os lojistas?
Outra resposta complicada, mas se ele estiver trabalhando, talvez não seja ruim. Não vejo como pode ser melhor para o lojista aumentar sua margem de lucro com o propósito de ganhar mais, pois existe concorrência e os preços se regulam.
Os “empresários malvados porcos capitalistas” colocam uma margem de 30% aqui no Brasil, sendo que nos EUA todo mundo trabalha com 10%. Com apenas esses dados alguns concluem que “estamos sendo explorados”, mas desconhecem ou fazem questão de esquecer regras básicas de economia. Se alguém está tendo um ganho em massa, ele pode abaixar a margem de lucro e fazer que o produto dele fique ainda mais atrativo, vendendo mais e no final das contas, tendo mais receita positiva do que ele teria se mantivesse os preços nas alturas. O pessoal chama os lojistas de idiotas por não perceberem isso, o que eu acho de uma ingenuidade que chega a ser infantil, porque ninguém dá bobeira quando o bolso dói e se der, a concorrência cai em cima.
Simplesmente aceitem a verdade: A culpa não é dos lojistas e se eles pudessem vender mais barato, venderiam para obter mais lucro, o que também é de interesse dos jogadores.
O que falta na humanidade é se colocar no lugar dos outros, assim eu nem teria que gastar tanto texto para explicar tudo isso, pois é óbvio que a carga tributária aqui no Brasil é alta, o preço de se manter o negócio também e o público consumidor de jogos não chega nem perto do americano. Se querem culpar alguém, vão atrás do governo e cobrem mais liberdade de mercado para assim gerar uma livre concorrência.
Afinal de contas, o jogo justo fez alguma coisa?
Eu acho que sim. Tá, as próprias empresas de distribuição já tinham feito pesquisas e sabiam a proporção do público consumidor de jogos nas “terras tupiniquins”, entretanto o Jogo Justo escancarou tudo isso e ainda mostrou que os gringos estavam nos ignorando de tal forma que os próprios consumidores estavam se reunindo para mudar a situação.
Pode ser que não tenha uma empresa que admita isso, até porque é uma situação vergonha ver um movimento desses sendo feito por alguém fora da indústria.
Antes que afirmem isso, eu não tenho nenhuma intenção de puxar saco do Jogo Justo e ninguém me pagou para escrever isso. Se duvidam, recomendo que ouçam o nosso podcast sobre o assunto, clicando aqui.
Palestra na Campus Party que inspirou a escrita desse artigo: