Só tenho uma coisa a dizer: preciso de uma almofada da Tristeza para abraçá-la pra sempre.
Divertida Mente é um filme que aparentemente não tem muitas pretensões, mas é uma grata surpresa para 2015.
Toda história se passa em torno da mente da pequena Riley. No universo criado por Pete Docter, a mente humana é comandada por cinco sentimentos: Alegria, Tristeza, Raiva, Nojo e Medo. Cada um desses sentimentos é representado por uma personagem distinta, e todas elas precisam estar atentas ao que acontece no ambiente exterior para poder atribuir a melhor emoção para o momento.
A cada escolha, uma memória – que pode ser trivial ou base – é criada e dependendo de quem comandou a ação, ela ganha uma cor correspondente. E assim é desde que Riley nasceu. A Alegria é quem lidera a equipe a maior parte do tempo, esforçando-se para produzir o máximo de memórias felizes para Riley. Até aí tudo bem, mas sempre há um conflito, ainda mais quando estamos falando de emoções tão básicas ao ser humano.
Riley e sua família passam por uma grande mudança. Acredito que a escolha da idade da personagem não tenha sido aleatória. Eles precisam se mudar para uma nova cidade, onde tudo é novo. Riley precisa dar tchau para seus lugares favoritos, seu time de róquei, seus amigos e tudo que lhe é familiar e confortável.
Em meio a esse processo de mudança, a Tristeza, que á melhor personagem de todas, acaba tocando numa memória base que era alegre e a transforma numa memória triste. Inconformada com essa “tragédia” Alegria tenta retroceder o processo e ela e a Tristeza acabam saindo da sala de controle. E daí todas as aventuras irão acontecer dentro de uma mente humana.
Achei incrível a representação que os roteiristas e a equipe de direção deram para a mente: uma sala de controle que gera emoções que alimentam ilhas da personalidade de Riley. São as memórias que a sala de controle administra que alimentam a ilha da família, da bobeira, do róquei e outras.
Mas o que realmente me ganhou no filme foi o destaque para a Tristeza. Vejam bem, é um filme “infantil” que aborda o sentimento que todos evitam, tal a Alegria ignora a Tristeza em vários momentos. Ser feliz é muito bom, mas a tristeza também faz parte de nós. E é essa a mensagem que Divertida Mente me passou, que não adianta buscar a felicidade plena porque a tristeza faz parte do constante aprendizado que é viver, logo, é melhor aceitar e tirar disso as melhores experiências possíveis.
Aí você pensa: “poxa, esse filme é tão profundo/depressivo assim?“, e eu digo que não! Tem vários momentos super engraçados, o alívio cômico está sempre presente, mas nem por isso deixaram de abordar com extrema delicadeza a complexidade que é a mente humana.
Se você ainda não assistiu, pare tudo e vá ao cinema. Vale o ingresso!