Sendo um irremediável apaixonado por histórias de guerra, suor e sangue, meus olhos freiaram rapidamente ao passar pelo título “O Último Reino – Crônicas Saxônicas Parte I” que descansava plácidamente na prateleira da livraria, nos idos de 2008. Na contra capa ví que falava sobre a Grã-Bretanha sob domínio dinamarquês/saxão, assim como da ascenção de uma soberania que viria a se chamar Inglaterra. Seria impossível me impedir de ler!
“Meu nome é Uhtred. Sou filho de Uhtred, que era filho de Uhtred, cujo pai também se chamava Uthred. Esta é a história de uma rixa de sangue. É a história de como tomarei de meu inimigo o que a lei diz que é meu. É a história de uma mulher e de seu pai, um rei.”
A história escrita por Bernard Cornwell (Stonehenge, Crônicas de Arthur, Busca pelo Graal, Azincourt, O Condenado e a magestosa série As Aventuras de Sharpe) é narrada em primeira pessoa através da voz de Uthred de Bebbanburg, um filho de nobres saxões que foi raptado quando criança e criado por uma família dinamarquesa, assumindo então o nome de Uthred Ragnarson. Aprende ao longo dos anos o idioma e o modo de vida Viking, mas sem jamais esquecer a fortaleza que pertence à sua família: Bebbanburg, usurpada pelo tio após a invasão dos estrangeiros de além-mar.
Uthred é um guerreiro nato, não só pelo braço da espada, escudo ou machado, mas também pela inteligência afiada e rapina exigida de um líder em um campo de batalha. Por essa razão serve sob o estandarte de seu pai adotivo, Earl Ragnar o Destemido como guerreiro jurado seu, mesmo sendo de sangue saxão. Participa de diversas batalhas lutando pelos dinamarqueses, fazendo parte em cada parede de escudos que surgia em sua frente.
“Então chegou o medo. A parede de escudos é um lugar terrível. É onde o guerreiro ganha reputação, e reputação é importante para nós. Reputação é honra, mas para obter essa honra o homem deve ficar na parede de escudos, onde a morte campeia. Eu estivera na parede de escudos em Cynuit e conhecia o cheiro, o fedor da morte, a incerteza da sobrevivência, o horror dos machados, espadas e lanças, e a temia. E ela estava chegando.”
A série das Crônicas Saxônicas conta, em sentido mais amplo, a história de como Rei Alfredo criou as bases para fazer surgir das cinzas a Inglaterra e, além de tudo, as histórias das batalhas que forjaram tal reino. Época de guerra entre Ingleses e Dinamarqueses, entre Cristianismo e Paganismo. De batalhas sangrentas e horrendas, onde guerreiros valorosos morrem sentados por terem escorregado em restos de fezes e tripas de algum morto qualquer. Histórias de glória roubada, de heróis de valor esquecido e de senhores que traem seus vassalos. De estupros, saques e pilhagens. Cornwell não economiza no uso desses elementos tão sombrios e criminosos para descrever com fidelidade um período tenebroso da história da ilha.
“A parede de escudos de Ivar já tinha sido decidida, mas eu poderia muito bem imaginar a ferocidade da batalha. Meu pai lutou contra os escoceses muitas vezes, e ele sempre se referia a eles como demônios. Demônios loucos, demônios loucos com a espada. E os dinamarqueses de Ivar nos contaram como eles fizeram aquele primeiro ataque, e usaram a espada, cortando de baixo para cima, escalando sobre os próprios mortos, seu cabelo selvagem vermelho de sangue e suas espadas gritando.”
Se você gosta de um bom romance histórico, regado de personagens extremamente cativantes e muita violência gratuita, tem a obrigação de checar essa obra de Cornwell. Se de quebra você se interessa por Vikings ou Saxões ela se torna simplesmente imperdível! A obra aparemente terá sete volumes e todos publicados no Brasil, em português, pela editora Record. Foram até agora escritos seis deles, com a publicação do sétimo prevista para 2014. A saga é até então composta pelos seguintes livros:
O Último Reino (2006)
O Cavaleiro da Morte (2007)
Os Senhores do Norte (2007)
A Canção da Espada (2008)
Terra em Chamas (2010)
Morte dos Reis (2012)