“CREPUSCULIZAÇÃO” – Cansei desse papo de “novo Crepúsculo”

Stedy·
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Uma garota uma pouco diferente das outras conhece um cara. Na verdade, ele não é humano. Mas ela não se importa com isso, e acaba se apaixonando por ele. Ninguém entende, acham que ela pode até morrer, afinal ele é um monstro; mas não importa. No fim, o amor supera todas as diferenças.

Mais um novo crepúsculo? Não. Eu acabei de contar para vocês uma versão simplificada do conto de fadas A Bela e a Fera.
Fiz isso para demonstrar quão despropositada é essa mania de chamar qualquer coisa em que um humano se apaixona por um ser sobrenatural de “novo crepúsculo”. Sem brincadeira, histórias desse tipo são contadas há eras; não é porque uma resolveu fazer sucesso que tudo o que vier depois é uma tentativa de cópia.harry-potter-twilight
Tivemos isso com Harry Potter. Não podia sair algo sobre um garoto descobrindo que é um ser mágico, que era chamado de cópia – por exemplo, Percy Jackson teve muito dessa “acusação”.
Não sei de onde vem essa necessidade de comparar. Onde fica a individualidade? Tá, eu sei que livros não são indivíduos, mas você deve ter entendido aonde eu quis chegar. É frase comum por aí: “Todas as histórias já foram contadas”. De um jeito ou de outro, você sempre vai encontrar uma obra que se pareça com a outra. “Um ser acima dos humanos que veio a Terra salvar a humanidade” pode ser o Superman ou Jesus Cristo. “Um ser deformado que se apaixona por uma bela mulher” pode ser O Corcunda de Notre Dame ou O Fantasma da Ópera. “Uma garota que acidentalmente vai parar em um mundo mágico” pode ser Alice ou Doroty, d’O Mágico de Oz. Mas ninguém chama nenhuma dessas obras/personagens de cópia da outra. Qual a grande coisa dos livros modernos que parecem ser obrigados a ser cópia daquele entre eles que fez maior sucesso?
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Por favor, não me entenda mal; não estou dizendo que Crepúsculo é ruim e as outras séries são melhores, ou vice-versa. Também não estou dizendo que nenhuma obra pode ser comparada a outra. E nem negando que realmente existam livros que resolvam “pegar carona” com certos sucessos. Muito menos dizendo que eu estou certa e o resto do mundo está errado. Mas eu só cansei desse papo de chamar qualquer coisa de imitação. “Novo Crepúsculo”, pra mim, só se a Stephenie Mayer resolver escrever uma continuação da saga. Senão, vou chamar o livro pelo próprio nome.

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Stedy

Artista polivalente. Fazendo de tudo um pouco, mas sem excelência em nada.

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5 Responses

  1. Eu respeito a opinião, mas discordo completamente dela. Esse rótulo do “novo COISA X” vem diretamente de quando algo ou alguém é puxado (ou jogado propositalmente) no vácuo de algo similar no intúito de ter mais valor agregado que a própria coisa em si. Disso temos o “novo crepúsculo”, o “novo harry potter”, temos também nos games casos curiosos como:”uncharted – o novo tomb raider”, “tomb raider – o novo uncharted”. Temos/tivemos/teremos sempre um “novo ayrton sena”, “novo pelé”, “novo einstein”. Esse rótulo acaba ocrrendo por motivos diferentes, mas no caso específico de obras de ficção como livros, filmes, séries, etc… se torna pejorativo pois sempre trata a obra como uma mera copia barata (o que quase sempre tem sido) eu acho muito bem vinda, pois eu (opinião pessoal, não verdade absoluta) sou muito a favor de coisas novas. E quanto a ser “bela e a fera” e não crepusculo, isso é apenas porque é a bola da vez. Se em 91 houvessem saído tantos títulos com a mesma historinha de a bela e a fera que tivessem conseguido alcaçar notoriedade eles teriam sido rotulados de “a nova bela e a fera”, sem falar no fato que tenho certeza que se voltarmos mais, encontraremos historias que inspiraram Gabrielle-Suzanne Barbot e escrever a bela e a fera.

    1. Muito interessante seu comentário, me ajudou a pensar em ainda mais coisas sobre o assunto! Também respeito a opinião, mas gostaria de explanar um pouco mais a minha. Concordo plenamente que esse tipo de rótulo vem quando algo é puxado ou jogado nesse vácuo do sucesso. Mas meu ponto é exatamente esse: parar de jogar ou puxar coisas num vácuo sendo que muitas vezes as obras não têm “culpa” (mas repare que no último parágrafo do artigo afirmei que não estou negando que muita gente realmente pegue carona nisso). O que me irrita é quando apenas um ponto em comum – no caso, o relacionamento entre um ser sobrenatural e um humano – se torna motivo para taxar uma obra inteira. Veja bem, quando você diz de um “novo Pelé”, está falando de um jogador de futebol com habilidades semelhantes. Um jogador de futebol comparado a outro jogador de futebol; tudo bem, certo? Mas, não seria estranho chamar um goleiro de “novo Pelé”? Continua sendo um jogador de futebol comparado a outro jogador de futebol, mas a posição em que ele joga é bem diferente; não dá pra chamar assim. E é esse meu ponto. Classificar Crepúsculo e Instrumentos Mortais como romances sobrenaturais é uma coisa. Mas comparar um romance em que uma garota sem graça e meio perdida se apaixona por um vampiro bonzinho com um em que uma garota que não sabe que é meio-anjo se apaixona por um outro meio-anjo caçador de seres do submundo é meio demais pra minha cabeça (não estou dizendo que uma obra é melhor ou pior que a outra; eu li e gostei de Crepúsculo, assim como Instrumentos Mortais). Também acho que coisas novas são bem-vindas, mesmo que sejam atualizações, versões – adoro essa leva de releituras de contos de fadas que vem surgindo ultimamente. Mas não gosto de comparações tão generalizadas. Outra questão é que nem sempre é culpa dos livros e seus autores, mas das editoras que passam a buscar apenas isso. Veja, por exemplo, a série de livros “Diários do Vampiro”; originalmente, ela começou a ser publicada em 1991, mas vimos a explosão dela após Crepúsculo. E, sim, eu escutei muita gente dizendo que “The Vampire Diaries” era uma tentativa de um novo Crepúsculo mais adulto… Isso que é revoltante para mim, entende? E, falando de A Bela e a Fera, realmente, supõe-se que ela tenha sido inspirada pelo mito grego de Eros e Psiquê. Não disse em nenhum momento que a história era original, apenas que tem o mesmo tema que supostamente faz com que os “novos Crepúsculos” passem a existir, mas muita gente não para pra pensar nisso. Como eu disse no artigo, “todas as histórias já foram escritas” e, querendo, você encontra uma “cópia” para qualquer livro/série/história, basta procurar. Só não dá pra ficar julgando uma obra pela sua suposta semelhante. Se mesmo os irmãos Grimm e Charles Perrault, ao transcrever os mesmos contos de fadas, escreveram histórias diferentes, então, mesmo que uma obra esteja no vácuo de outra, ela ainda é uma obra única, e não acho justo que seja rotulada por outra.

  2. Lembro quando saiu uma simples imagem de sangue quente e foi taxado de crepúsculo com zumbi, como se zumbi apaixonado fosse de hj, já tiveram pelo menos uns 3 filmes de zumbis apaixonados e todos eles passaram no cinema em casa do SBT
    E passei pela mesma coisa quando comento de Teen Wolf, a serie é boa, mas como tem Teen no nome já era, críticos aparecem na hora para fazer seu papel, mesmo nunca tendo visto, e quando veem ja estão com pensamento feito q é uma serie com adolescente então é ruim
    O problema não é ser “crepúsculo”, já vi pessoas defenderem o livro e criticarem o filme, mas em especial o principal problema de crepúsculo são adultos querendo ver um filme feito para adolescente com uma estória simples de amor e querer ver sentido nisso, é como pegar patricinhas de bervelly hills ou alguns q passam no SBT do cara que é sacaneado ate a morte pela mulher e descobre q a melhor amiga dele é a mulher da vida dele e mesmo assim acabarem juntos, “ah é fofo”, desculpa filho mas tu esta procurando demais em um filme “sessão da tarde”, que alias são tudo crepúsculo na parte romântica tb

    1. Exatamente, Kure; a primeira imagem de do filme Warm Bodies foi com a intenção de parodiar Crepúsculo, mas acabou se tornando um dos grandes motivos de taxarem a história. É muito normal eu ler críticas sobre algo que, antes de terminar o texto, eu já sei que a pessoa não leu/viu o livro/filme, ou só leu/viu uma pequena parte dele e acha que já sabe a história toda. “o principal problema de crepúsculo são adultos querendo ver um filme feito para adolescente com uma estória simples de amor e querer ver sentido nisso”, não podia concordar mais; as pessoas vão com muita expectativa, pensando coisas do tipo “tem vampiro, vai ser cheio de sangue”, e outros esteriótipos ligados a cada tema, e acabam taxando de ruim a obra apenas por não ter atendido a essas expectativas.

  3. Ver essa caralhada de obras com os mesmos temas, as mesmas capas, os mesmos dilemas existenciais me enche também. Não só Crepúsculo, como agora a moda é o porn.

    Mas se tem essa porrada de obras “mais do mesmo”, é porque temos uma demanda por “mais do mesmo”. O brasileiro tem lido mais, o que é ótimo, mas anda lendo o que? Mais destas obras diluídas para leitores menos exigentes. Se a gente for procurar por um gênero mais marginal, por assim dizer, teremos bem menos obras do que as que são mainstream.

    Ainda é bom que o brasileiro leia mais. Desde que ele parta para galgar níveis maiores, outros estilos, outros autores. Até um livro ruim tem sua utilidade, pois nos ajuda a refinar o estilo de nossas leituras.

    Abraço!

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