Chroma Squad – Análise do jogo

O mês de maio de 2015 foi uma época boa para os indies brasileiros. Além do aguardado Toren, jogo que saiu até para Playstation 4, Chroma Squad, feito pela Behold Studios, chegou com uma proposta criativa e uma excelente execução.

A ideia lembra um pouco o tútulo anterior do estúdio, o “Knights of Pen and Paper”, mas, ao invés de você jogar com personagens jogadores de rpg que por sua vez estão interpretando outros personagens, em Chroma Squad você administra um estúdio de Tokusatsus, aqueles seriados japoneses com pessoas de roupas colantes, figurinos mal feitos, atuações exageradas e muitos golpes de armas cortantes que saem faísca no lugar de sangue. Fora das batalhas, os personagens são atores comuns tentando ganhar algum audiência com seu produto independente, mas quando o jogo entra no modo de luta, não tem interpretação, você realmente tem que vencer os inimigos.

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Apesar das diversas referências que vão fazer a alegria dos fãs de tokusatsus, Chroma Squad não se apoia apenas nesse público, tendo uma mecânica sólida de combate e administração do estúdio. Durante as batalhas, itens como massa de modelar e pedaços de papelão podem ser coletados para fazer figurinos improvisados e se dar melhor nas batalhas. Fazer as orientações do diretor e batalhar da melhor forma traz audiência, que será convertida para dinheiro no final do episódio, melhorando assim os equipamentos do estúdio ou até mesmo proporcionando investimentos em marketing, que darão bônus de combate.

Essa mistura de jogo de rpg de estratégia em turno e jogo de administração de recursos funciona muito bem, fazendo com que, durante as batalhas, você pense além de apenas vencer os inimigos, pois você deve vencer bonito, do jeito dos tokusatsus, fazendo várias acrobacias e nunca pensando em usar o ataque especial logo de cara, entre outros clichês. Para te ajudar a entrar no clima, o jogo te dá bônus caso você siga as orientações do diretor, que normalmente orienta a fazer coisas que iriam seguir o enredo que o jogo tenta contar.

O que seria de um jogo de grupos de personagens coloridos se não fossem a cooperação e o poder da amizade entre eles? Além da história reforçar esse clichê, as mecânicas de combate em grupo são várias, desde golpes em conjunto, até utilizar um personagem aliado para te jogar em algum lugar mais longe.

Outra coisa que não poderia faltar são as batalhas de robôs gigantes que mudam a dinâmica de jogo, trazendo um risco recompensado interessante, ficando parecidas com rpg de turno tradicional, mas, no lugar de um ataque por turno, você pode executar quantos quiser, sendo que a cada soco do robô o dano é aumentado juntamente com as chances de errar o golpe e, caso você erre, vai ser a vez do inimigo, fazendo você pensar direito se vai atacar novamente ou se ativará a defesa e encerrará seu turno, garantindo que levará menos dano do inimigo.

O visual é bem retrô, com pixels gigantes, mas que carregam uma identidade própria, já que só de olhar o jogo você sabe de que produtora ele veio, pois a estética é bem parecida com “Knights of Pen and Paper”. Mesmo que alguns digam que isso é coisa de hipster preguiçoso, o visual tem seu charme.

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Difícil encontrar um jogo que seja realmente engraçado, mas a Behold Studios geralmente acerta a mão, principalmente porque o texto em português é feito por eles mesmos, e em Chroma Squad não foi diferente. Os diálogos, descrições de itens e personagens são escritos para arrancar sorrisos o tempo todo.

Chroma Squad é uma excelente surpresa, e saber que ela vem do nosso país é apenas mais um bônus. Apesar das dificuldades com o desenvolvimento como o processo da Saban (empresa dos Power Rangers que resolveu tacar um processo escroto em um jogo que não faz uma homenagem apenas para Power Rangers, sendo muito mais do que isso), da venda do jogo ser barrada na Ásia (provavelmente outra escrotice da Saban) e da falta de dinheiro que forçou o estúdio a abrir um Kickstarter, o jogo saiu e é algo que vale a pena.