O que dizer dessa autora que eu não conhecia, mas já considero “pacas”?! Não precisei de recomendações depois de ler a sinopse, pois como não ler uma obra onde unicórnios são assassinos?
Indo de encontro à imagem pura que se convencionou ao longo dos anos, os unicórnios deste livro estão longe de serem aqueles “cavalos” brancos, de chifre único, sagrados e que só podem ser tocados por donzelas. Foi depois de um sonho em que a autora era perseguida por um unicórnio nem um pouco bem intencionado que surgiu a ideia do livro.
A protagonista da série da Ordem da Leoa é uma jovem de 16 anos que ainda está na escola e trabalha como babá de gêmeas obcecadas por unicórnios (obviamente). Astrid Llewelyn está saindo com um dos caras populares da escola, o Brandt, e ele não vale nada. Digo isso porque a própria Astrid reclama que toda vez que eles ficam à sós, Brandt insiste em seguir para o próximo passo e ela não sente que é o momento. Sorte dela, e dele também, já que na primeira escapulida que eles deram desde o começo da narrativa, quem aparece para quebrar o clima? Sim, um unicórnio. E aí as coisas começam a ficar mais interessantes.
Diferente de outros livros com o sobrenatural, como Harry Potter, por exemplo, não temos um protagonista que passou a infância e talvez parte da adolescência às cegas, sem ter noção do fantástico e do perigo que o cerca. A mãe de Astrid, Lillith, não é vista como “louca” sem uma boa razão. Desde a faculdade, quando engravidou, ela fala abertamente sobre unicórnios. Claro que depois de ter saído da faculdade sem se formar, ela teve o bom senso de não falar para qualquer um ouvir. Mas Astrid, desde a mais tenra idade, sabe que os unicórnios não são criaturas mágicas fofinhas e inocentes, e acabou de comprovar isso ao testemunhar não só que unicórnios realmente existem, como eles são perigosos e mortais para quem não tem sangue de caçadora em suas veias.
Depois de um ataque certeiro em Brandt, que por muito pouco não morreu com o veneno do alicórnio – salvo pelo “Remédio” que Lillith ainda guardava em sua casa-, Astrid se vê entre aceitar que os unicórnios são reais e que não foram extintos na última grande batalha anos atrás, e achar que foi contaminada pelo delírio materno. Mesmo sabendo que tudo o que aconteceu foi real, é difícil para Astrid ver que a mãe não era uma maluca de fato, e que todos os anos que passou desconfiando da sanidade de Lillith foram um desperdício de tempo e de energia.
O ataque de Brandt não foi um caso isolado. Em outras regiões do mundo existem casos de ataques de animais selvagens que ninguém consegue abater. Lillith mal cabe em si mesma de tão animada porque os unicórnios voltaram e Astrid poderá extingui-los novamente!
Acontece que existe uma sociedade de caçadoras, a Ordem da Leoa, que por muito tempo ficou sob a fachada de um convento. A sede dessa Ordem fica em Roma e depois da confusão causada pelos boatos na escola espalhados por Brandt, Astrid não tem muita escolha a não ser se mudar para lá e ser treinada. Chegando em Roma é que as coisas realmente acontecem, ela passa a conhecer outras famílias de caçadoras – e suas descendentes – bem como ganha maior conhecimento de suas habilidades e da verdadeira história por trás das estátuas e pinturas de unicórnios e de paredes cheias com seus ossos.
Uma das coisas mais intrigantes é conhecer os cinco tipos de unicórnios quer a autora usa na obra, são eles: o zhi, que se assemelha a um bode (sim, tive um forte estranhamento pensando nesse cruzamento na vida real); o kirin, o terceiro maior, negro como a noite e super violento; o re´em, com a constituição aproximada de um boi; o einhorn, que não tem descrição no livro pois não aparece de fato; e karkadann, o maior deles e mais letal, é chamado também de Bucéfalo e foi o “cavalo” de Alexandre, o Grande. E o melhor de tudo é que todos esse unicórnios realmente existiram, até onde eles puderam de fato existir. Só para ficar claro, Diana pesquisou em várias fontes e caracterizou cada espécie de acordo com as fontes que achou, como pode ser visto aqui.
E claro, como não podia deixar de ser em um livro juvenil cuja protagonista é uma adolescente, existe sim o romance – mas não se trata, até o momento, de um triângulo amoroso. Toda a aventura harmoniza com os conflitos amorosos entre Astrid e Giovanni, mas é um casal que tem química e eu shippo mesmo! Mas não se deixe enganar, porque nem só disso se mantém o livro, há muita matança também.
Vou parar de falar por aqui pois corre o risco de sair spoilers e nesse caso é realmente bacana descobrir as reviravoltas ao longo da leitura. A série já tem o segundo volume traduzido em português e espero muito que Alma da Fera não caia na maldição do segundo livro e seja aquele meio do caminho que não acrescenta em nada.