Assim como Keiji Inafune e seu Mighty nº9, outro grade figurão da indústria dos videogames, Koji Igarashi, vai tentar uma carreira indie impulsionada pelos fãs e o financiamento coletivo. “Bloodstained: Ritual of the night” é o novo projeto de jogo do produtor de “Castlevania: The Symphony of the night”, um grande sucesso do primeiro playstation, jogo que inaugurou o estilo “metroidvania”. Apesar de ainda não ter nenhum gameplay para mostrar aos fãs, o jogo já estourou a marca dos 3 milhões de dólares em arrecadação, levantando um monte de polêmicas, que pretendo expor a minha opinião sobre.
Mais do mesmo
Lembra quando a gente ficava puto pelas empresas ficarem sempre entregando a mesma coisa sempre? Pois é, quem diria que chegaria um dia que as pessoas iriam financiar projetos que não são nada além de repetecos de franquias famosas? Assim como Mighty nº 9, Bloodstained foi marketeado para dizer às pessoas que, se elas querem mais Castlevania do jeito metroidvania, elas terão. Não que isso seja exatamente ruim, pois todos os jogos dessa era são muito bons, isto é, o Symphony of the night, os 3 títulos do Game boy Advance e os outros 3 do DS, totalizando 7 jogos do mesmo estilo, sem contar os do Playstation 2 e o do 3DS, que apesar de terem coisas do estilo metroidvania, não são exatamente do mesmo estilo ou mesma era.
Herdeiro do legado do Playstation 1
Estão falando muito que o Symphony of the Night foi o último jogo bom da franquia e que esse projeto vai trazer o estilo ao eixos. Só pode ser uma histeria coletiva, pois não consigo concordar com isso. Não joguei nenhum da era Lords of Shadow e os Castlevanias do GBA não conseguiam o mesmo desempenho gráfico visto no título do Playstation 1, mas os jogos do Nintendo DS conseguiram e ainda trouxeram coisas interessantes a fórmula.
Um grande problema do Symphony of the night era a dificuldade. A parte mais difícil do jogo era o começo. Todo o resto era uma questão de você ter nível e equipamentos certos, o que fez a série retroceder muito em relação ao estilo antigo, pré-metroidvania, no qual o jogador teria que dominar a mecânica e habilidade. Ao poucos a série foi melhorando muito no equilíbrio da dificuldade e o último título antes da era Lords of Shadow, o excelente Order of Ecclesia, é um exemplo claro de como não adianta ficar matando inimigos normais para passar de nível mais rápido, pois, quando chegar nos chefes, o jogador terá que demostrar habilidade. Também não é como se a série, com o passar dos anos, não tentasse trazer coisas novas: o sistema de almas do Aria of Sorrow é uma prova disso.
Por esses motivos, essa promessa de voltar às raízes do título do Playstation 1, eu acredito que ou vai trazer um resultado pior ou eles não vão entregar o que foi prometido. Acredito que vão escolher a segunda opção, pois já terão o dinheiro no bolso e um título que vai sair para diversas plataformas.
Usando kickstarter para marketing
Quinhentos mil doláres não pagariam um projeto desses nem por alguns dias (essa foi a meta inicial). Os 3 milhões não são suficientes nem para versão preliminar, o que me faz pensar o óbvio: Esse pessoal já tem o dinheiro e estão utilizando o financiamento coletivo para conseguir mais grana e mostrar para possíveis investidores que as pessoas querem sim mais um jogo da franquia e não precisa mostrar mais nada além de algumas artworks e promessas vazias de conteúdo. Inclusive ganham divulgação de graça pelos fãs na internet (tipo o otário que escreve esta matéria).
Além do sentimento de estarem tentando me enganar, isso pode gerar dificuldade para os produtores de jogos indies que realmente precisam do dinheiro vindo do financiamento coletivo, pois como é que alguém lança um jogo com gente desconhecida, um escopo muito menor e pede a mesma coisa que Bloodstained? Por outro lado, o financiamento coletivo ganha mais força. Qualquer um pode provar para qualquer executivo que seu projeto vale a pena quando existem milhares de pessoas ao redor do mundo pagando para financiar algo que vai receber só daqui alguns anos. É maravilhoso ver que hoje aqueles projetos que todo mundo quer ver podem sair do papel, independente da opinião dos financiadores.
Reunião do time dos sonhos
Com a provavel saída da Konami no mercado de consoles, vários funcionários que já trabalharam com Castlevania vão fazer parte do time de Bloodstained. Inclusive o David Hayter, ex dublador do Snake da série Metal Gear, que faz um trabalho de merda na minha humilde opinião e Michiru Yamane, que já fez composições da série Castlevania, inclusive no Symphony of the Night.
Veredito
Apesar das incertezas, só não dou dinheiro nesse projeto porque ele não precisa e eu não tenho essa grana toda (dolár tá uma putaria), pois qualquer sucessor espiritual da série Castlevania, trazendo o meu estilo de jogo favorito, merecia eu jogar dinheiro na tela do computador, rasgar a minha camisa, pegar o meu chicote e gritar: VEM NI MIM, BLOODSTAINED!!