Ninguém sai da Companhia, a não ser num caixão. A tropa é o lar.
A Companhia Negra, pág. 50
Não tinham pátria, princípios morais ou éticos. Ninguém cantava suas canções. Suas memórias e tradições guardadas apenas em seus registros. Era a última das Companhias Livres de Khatovar. Eram mercenários, nômades, guerreiros, seus próprios pranteadores. Eles eram A Companhia Negra.
Lançado no Brasil 29 anos após sua estréia original em 1984, no dia 20 de julho de 2012 pela editora Record. A Companhia Negra, primeiro livro da trilogia The Books of the North (Os Livros do Norte), conta a história de um grupo de mercenários cuja origem remonta séculos, mas que agora jazem apenas nos anais que o médico e analista do grupo, Chagas, mantém atualizados.
Narrado por Chagas, a história se dá quando a Companhia recebe a estranha visita de um Tomado, O Apanhador de Almas, que os emprega após o recente fracasso em proteger seu antigo patrão. Eles passam a servir esta misteriosa criatura e logo descobrem que seu bem feitor é, na verdade, um enviado da Dama, uma antiga imperatriz que, ao lado de seu marido, o Dominador, aterrorizara o mundo por eras. Ela e seus dez serviçais, Os Tomados, foram trazidos de seu sono secular, sob a terra, e agora tentava a todo custo reaver a posição de poder que possuíra em outros tempos.
A Dama tem seus avanços constantemente adiados pelos Rebeldes, que lutam pela liberdade do povo acreditando que encontrarão a criança prometida, a reencarnação da Rosa Branca, antiga inimiga da Dama que a aprisionou em sua tumba amaldiçoada.
Entre campanhas militares, intrigas, traições, manipulação e jogos de poder entre os Tomados, figuras repulsivas que são, vez ou outra, comparados à crianças mimadas. O narrador, Chagas, se questiona constantemente: estariam eles do lado certo desta guerra?
O livro é excelente opção para os momentos de ócio produtivo, tardes chuvosas e noites insones. Não pense que essa história tem um enredo pobre. Ledo engano! A narrativa é rica em detalhes e com personagens bastante humanizados o que torna difícil não se apegar a um deles, mesmo os Tomados. Ao prosseguir a leitura através das 305 páginas, você se vê cada vez mais emaranhado na história, comovido, ultrajado, admirado e me atrevo a dizer, apaixonado por seus personagens, como se cada um fosse um velho amigo que há muito não se via. Ao fim dessa leitura inspiradora, você se sente parte da Companhia Negra.